Andrea Araújo
A tecnologia veio facilitar a vida das pessoas. Isso é fato, e não há argumentação contrária. O que dizer, então, do Uber, aplicativo que disponibiliza serviços de motorista particular e que, desde 2009, tem causado polêmica por onde passa?
Para o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais, Leonardo Dias, vivemos hoje uma nova revolução industrial, e o Uber veio para ficar no mundo inteiro. “Quanto mais movimentos contra ele, mais o Uber cresce. O app satisfaz o cliente e preenche um gap que existe nos serviços de transporte semelhantes”, afirma.
Entretanto, Henrique Portugal, tecladista do Skank e investidor na área de tecnologia, pondera: “As empresas que chegam têm que respeitar a cultura local. Não sou contra o Uber, só é preciso atentar para a forma como ele entra nas cidades. Inovação por inovação não adianta”.
A questão jurídica do Uber é outro ponto que deve ser levado em consideração. É o que diz o superintendente de assuntos estratégicos internacionais da Fiemg, Marcos Antônio Mandacaru: “O Uber é legal, mas, no âmbito do Direito, tem que se analisar a estrutura de cada estado”.
De acordo com o vereador Paulo César de Souza, o Pablito, o serviço fornecido pela plataforma já é legalizado. “O Uber é 100% legal. O Marco Civil da Internet regulamentou os aplicativos, e o serviço que o Uber oferece é de motorista individual privado, que também é legalizado. Você o aluga por um determinado percurso, como o aluguel de um carro”, esclareceu.
Mesmo enfrentando a resistência de parte da sociedade, os números do Uber, presente em São Paulo, Rio de janeiro, Brasília e Belo Horizonte, só crescem. No Brasil, até setembro de 2015, 500 mil brasileiros já haviam utilizado o serviço, de acordo com o próprio aplicativo.
A Bloomberg mostrou que um investimento de US$ 1,5 bilhão fez do Uber uma empresa com valor de mercado de aproximadamente US$ 18 bilhões em 2015. E mais: ainda segundo a agência de notícias financeiras, um novo investimento estaria sendo estudado, o que levaria a empresa ao valor de US$ 40 bilhões.
A força do Uber é tanta que ele virou até verbo, além de sinônimo de inovação nos negócios. E não é só essa plataforma que tem movimentado – e, por que não dizer, revolucionado – os serviços prestados com o uso da tecnologia. Outros nichos, como hospedagem, também têm aderido à uberização dos negócios.
É o caso do Airbnb, ou air bed and breakfast, que desde 2008 permite que o usuário possa alugar parte de uma casa, seja um quarto ou todos os cômodos, pelo aplicativo. Chegando à frente dos hotéis, o serviço anula o papel do agente de viagens e põe em contato direto o cliente com o dono do imóvel – ou da hospedagem – a ser alugado.
Para Filipe Palácio, usuário do Airbnb, o serviço só tem vantagens. Ele acionou o app pela primeira vez para uma estadia em Paris, para fugir dos altos preços dos hotéis. “Para uma estadia de uma semana, o valor ficou pela metade do preço de um hotel três estrelas. Além disso, é como se você morasse na cidade, pois consegue vivenciar o lugar como se fosse um morador”, diz.
O subsecretário da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Sectes) também argumenta a favor do serviço. “O desenvolvimento tecnológico é uma realidade. Não importa se é o Uber ou o Airbnb, essas soluções melhoram a vida das pessoas e prestam um ótimo serviço. É a concorrência.” Dias ainda arrisca: “O mundo globalizado é uma tendência. Temos que sair das montanhas de Minas e ganhar o mundo”.