Um convidado perigoso

Milhares de histórias fazem parte de uma epidemia silenciosa, causada por males de todos os tipos, associados ao uso da internet, dos novos navegadores e aplicativos. Sinal dos tempos, nenhuma faixa etária ou social está totalmente livre de seus efeitos.


Augusto Franco

Aos 17 anos, H. se prepara para prestar vestibular para Ciência da Computação. Apesar de ter terminado o terceiro ano do ensino médio, é raro ver o jovem de 1,87m e olhos verdes em festas ou churrascos da turma. Geralmente, o convite para se socializar e conhecer novas pessoas perde para a sedução de testar um novo jogo .

Três anos atrás, depois de uma série de maus resultados na escola, H. foi diagnosticado com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) e tratado com doses diárias de medicamentos. Ele tem dificuldade em dormir à noite e, todos os dias, luta para acordar. “Para funcionar de manhã, tenho que tomar café. Muito café.”, revela o jovem.

Esse é apenas um dos casos entre as milhares de histórias que fazem parte de uma epidemia silenciosa, causada por males de todos os tipos, associados ao uso da internet, dos novos navegadores e aplicativos. Sinal dos tempos, afeta especialmente a geração Y, ou “geração notificada”, mas nenhuma faixa etária ou social está totalmente livre de seus efeitos.

De acordo com o médico psiquiatra Helian Nunes de Oliveira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e diretor da Associação Mineira de Psiquiatria, ainda é difícil avaliar o dano real da avalanche de novidades dos últimos anos, porém dezenas de estudos apontam que já há perda de produtividade no trabalho e redução no potencial de várias atividades. Trata-se de um fenômeno mundial.

E o mais preocupante: o olho na telinha vem sendo associado rapidamente a dificuldades em relacionamentos reais. “Algumas pessoas apresentam dificuldades em estabelecer limites, e sua relação com esses meios evolui como dependência”, destaca. O resultado, diz o especialista, é que essas pessoas passam a abandonar atividades de seu cotidiano, como ir ao médico, praticar atividades físicas, fazer um happy hour com amigos de escola ou colegas de trabalho.

Das dores à insônia

Ainda segundo o médico, o uso de computadores por muitas horas a fio e de celulares e tablets pode ser associado à insônia, ao sono agitado e ao cansaço constante. A posição de telas, teclados e mouses também é fator predominante em dores nas mãos, braços, ombros e pescoço, e no ressecamento dos olhos. “As pausas são muito importantes”, aconselha o doutor.

Epidemia silenciosa

Além dos novos males, ainda pouco conhecidos da ciência, o uso de computadores – assim como o das máquinas de escrever antes deles – pode provocar uma série de lesões físicas. As mais comuns são a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e o Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT). Juntas, as duas doenças retiram de circulação dois de cada mil trabalhadores no país atualmente.

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