Empresas se rendem à cultura das startups

Com a tomada do mercado pelos modelos disruptivos, cabe às organizações pensarem em soluções que mudem padrões tradicionais, para sobreviverem à avalanche de inovações.


Rodrigo Melo

A velocidade do avanço tecnológico está influenciando profundamente a engrenagem da sociedade. Estamos apenas no início da chamada quarta revolução industrial, e seus impactos já desmontam conceitos e padrões construídos há décadas. Alteraram valores, visões, relações interpessoais e formas de consumir e interagir. Com isso, novos produtos e serviços surgem a todo o momento, trazendo na bagagem o poder da disrupção. Às empresas, resta adaptar-se e inovar para sobreviver. E a maneira que algumas delas encontraram para se manter no mercado é aproximar-se das startups e do modelo dos novos negócios, redesenhando radicalmente a maneira como se organizam e operam.

Dados da consultoria Gartner apontam que as startups estão mais bem posicionadas do que nunca para alavancarem economias de custo e eficiência. Por isso, são capazes de apoiar as empresas neste momento. O estudo aponta também que as corporações que utilizam modelos tradicionais logo estarão condenadas ao fim se resistirem às mudanças do mercado, pois não darão conta de concorrer com os modelos disruptivos.

Gibram Raul, CEO da Netbee, startup especializada em inteligência automotiva, acredita que seus concorrentes estão atentos a novos empreendimentos, como o dele. A Netbee oferece uma solução de rastreamento de veículos 10 vezes mais barata do que as do mercado. Para ele, em pouco tempo, os gigantes do segmento começarão a entender os riscos dessa vantagem competitiva. “A partir daí, teremos duas alternativas: se a empresa optar por não concorrer, será derrubada. É o que aconteceu, por exemplo, com a marca de filmes Kodak. Na outra ponta, estão aquelas que enxergarão a necessidade de se criar novos modelos e serem capazes de interagir para sobreviver ao mercado”, afirma.

Carlos Alberto Ferraioulo Júnior, coordenador da fábrica de softwares do Grupo O Boticário, aposta na interação entre o setor de tecnologia e outras áreas da empresa como uma atitude fundamental nos modelos disruptivos. De acordo com o executivo, essa é uma forma de garantir a mesma identidade e alinhar objetivos na criação de soluções. “Se os responsáveis pela tecnologia não souberem falar a linguagem de todas as áreas, não será possível prosperar o negócio, não existirá inovação. É assim que se conhece a necessidade do cliente e se pensa em problemas ao invés de, somente, em soluções”, ressalta.

Mudança de cultura

O conflito de gerações pode ser considerado o grande desafio no intercâmbio entre os modelos disruptivos e tradicionais. O gestor de estratégias web Américo Fazio reforça que as gerações X, Y e Z se inter-relacionam cada vez mais diretamente e que aqueles considerados “cabeças fechadas”, ou apenas descrentes de algumas estratégias disruptivas, podem comprometer o andamento de ações, se não estiverem abertos a mudanças ou ao redesenho dos projetos em desenvolvimento.

“Muitos dizem que, como já havia definido previamente uma linha de trabalho, não é possível mudar. Esse é o grande desafio. Eu me vejo, constantemente, lidando com pessoas que tentam levar um novo conceito a organizações conservadoras e têm suas ideias barradas por pessoas acostumadas a seguir um caminho que consideram certo e único. Diante disso, o grande desafio é ajustar linguagens e comportamentos dentro das empresas”, afirma.

Gibram acredita que, mais importante do que modelos disruptivos, é a forma disruptiva de pensar das corporações, explorando novas ideias e atividades, o que faz a diferença. É preciso acreditar, ter menos intuição e dizer menos não: “Percebo hoje que as pessoas numa empresa estão pouco seguras para falar tudo o que está em suas cabeças, com medo de julgamentos e repreensão. Isso impacta, e muito, na capacidade de inovação. Para podermos ter liberdade para pensar e imaginar soluções diferenciadas, precisamos de incentivo”.

Sobre erros durante os processos, Gibram diz que são normais e muito importantes, pois trazem aprendizado. “Se somos forçados a dar soluções comuns e esperadas, daremos resultados comuns e esperados, sem diferenciais. Precisamos nos treinar a dizer sim às novas propostas”, conclui.

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