No caminho das índias

Com a desaceleração da economia, o país asiático é uma boa alternativa de negócios para as empresas brasileiras.


Cecilia Kruel

Quase 500 anos depois do explorador português Vasco da Gama descobrir a última rota para a Índia, comerciantes de todos os cantos ainda tentam desvendar os segredos dos negócios lucrativos desse, que é um dos países mais exóticos do globo. As oportunidades proliferam à medida que os índices econômicos revelam um crescimento invejável e as melhorias na infraestrutura começam a se tornar realidade.

Ainda assim, a distância geográfica e a diferença de idioma e cultura são obstáculos para os brasileiros que querem se aventurar em terras indianas. Porém, nada como um mundo globalizado para quebrar preconceitos e mudar paradigmas. A ascensão econômica dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e as crises nos Estados Unidos e nas nações europeias, ao longo da última década, destacaram a necessidade de novos parceiros comerciais.

É nessa linha que atua a Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Índia-Brasil, localizada em Belo Horizonte e com abrangência nacional. A escolha de Minas Gerais como sede da associação não foi aleatória. Segundo o diretor-presidente Leonardo Ananda, os setores de pecuária, tecnologia da informação e siderurgia e mineração ocupam lugar de destaque no estado e despertam a atenção entre os empresários indianos. “Decidimos manter a sede em Minas por causa da sinergia entre os segmentos de interesse dos dois países. A maioria dos nossos associados está em São Paulo. Também temos outros no Rio de Janeiro e nas regiões Sul e Nordeste do país, sendo que esta última vem aumentando consideravelmente sua participação no comércio bilateral”, explica.

Em 2004, na primeira visita do então presidente Lula à Índia, a câmara enviou uma delegação empresarial ao país e iniciou uma participação efetiva no estímulo ao comércio entre os países – que, na época, gerava cerca de US$ 300 milhões. Em 2014, esse valor ultrapassou os US$ 11 bilhões em negócios. “Esse crescimento é significativo, mas ainda é a ponta do iceberg. Existe muito potencial a ser explorado.”

Dados da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) revelam que as exportações indianas para o Brasil foram de US$ 6,6 bilhões em 2014, na comparação com os US$ 6,3 bilhões registrados no ano anterior. Já as importações indianas de produtos brasileiros chegaram a US$ 4,7 bilhões em 2014, uma alta significativa na comparação com os US$ 3,1 bilhões negociados em 2013. A previsão, segundo o diretor-presidente da câmara, é de que os negócios entre os dois países cheguem a US$ 13 bilhões até o fim de 2015.

Para Ananda, o comércio entre os países ainda sofre com a falta de diversificação da pauta de exportação: “A relação é ainda muito focada na questão do petróleo, do açúcar e de outros produtos agrícolas, assim como na importação de farmacêuticos. É pouco diversificada, principalmente nas exportações de produtos brasileiros com pouco valor agregado, baseadas principalmente nas commodities primárias”.

Há algumas exceções, como o negócio de US$ 2,94 bilhões para a venda de aviões da série E2, assinado em 2014 entre a Embraer – maior fabricante de aeronaves regionais do mundo – e a empresa aérea indiana Air Costa. A câmara mediou ainda a entrada das Alpargatas Havaianas na Índia, em 2012, e também da cachaça Diva, feita em Divinópolis, na região Central de Minas Gerais, em 2007. “Outro caso interessante é a joint venture entre a Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus; e a Tata Motors, maior companhia indiana do setor automotivo”, revela.

Negócios em TI engatinham

O setor de tecnologia da informação sempre teve uma participação muito tímida nessa rota de comércio. “Descobrimos que era por medo da concorrência, porque existe mão de obra superespecializada e muito barata na Índia”, afirma Ananda. “O maior desafio é mostrar que as empresas podem ser complementares e não necessariamente concorrentes.”

Indianos em terras tupiniquins

No caminho inverso também existem casos de sucesso. A Infosys, segunda maior empresa de tecnologia de serviços da Índia, abriu um escritório em Belo Horizonte em 2009. E a Genpact, especializada na terceirização de processos administrativos de negócios, está instalada em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A companhia iniciou seu negócio funcionando como um centro global de serviços da General Eletric (GE), com sede na Índia.

De acordo com Ananda, essas estratégias visam ao mercado mundial, e não aos internos. “As empresas indianas de tecnologia não têm muitos clientes locais. Elas são mais fortes do que as brasileiras, porque são mundiais. Elas estão aqui para atender os clientes globais, que pretendem ter ou já têm operações na América Latina”, aponta. Ele explica que a Infosys, por exemplo, atende à Phillips e à Apple, oferecendo mais empregos e capacitando os profissionais locais, sem comprometer as companhias brasileiras.

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