Porto Digital é madeira que cupim não rói

O parque tecnológico, fruto da articulação entre empreendedores, universidades e governo, é destaque nacional e internacional na área de TIC. Andrea Araújo


Quando falamos em Pernambuco, pensamos em Carnaval, bonecos gigantes, Galo da Madrugada, cultura popular, frevo. Mas, muito além dos clichês, existe o Porto Digital. Localizado em Recife, o empreendimento completou 15 anos e é um dos principais ambientes de fomento à inovação e tecnologia no Brasil.

 O Porto surgiu da necessidade de se criar um novo modelo de economia para Pernambuco e foi inaugurado em 2000. Para isso, setor público, academia e empresariado se uniram e transformaram essa convergência de ideias em política pública. E o foco principal era interligar as pessoas que trabalhavam ou pensavam a tecnologia da informação e comunicação (TIC) no estado.

 A vocação natural do estado para esse modelo de negócios foi determinante. “Sempre acreditamos que a concentração das empresas de TI numa área da cidade seria elemento importante para a troca de experiências, o intercâmbio de informações e as alianças estratégicas. Para nós, o Porto Digital é, antes de tudo, um movimento de integração entre empresa, academia e governo”, diz José Claudio Oliveira, diretor da Procenge, empresa que desenvolve soluções em gestão e uma das primeiras iniciativas a integrar o Porto.

 É o que também pensa Carlos Sampaio, gerente nacional de vendas da Cittati, que criou o CittaMobi, aplicativo de mobilidade urbana. Para ele, fazer parte do complexo Porto Digital é fundamental para o negócio da empresa. “Estamos próximos de diversas companhias que seguem o caminho da inovação. Isso nos garante estar cercados de pessoas altamente capacitadas, que trocam ideias e têm como objetivo comum gerar soluções inteligentes para facilitar a vida das pessoas”, comemora o gerente.

 Esse modelo de cooperação entre os três setores virou referência nacional e ficou conhecido como triple helix. O próprio criador do termo, o professor Henry Etzkowitz, considerou o sistema implantado em Recife como referência de integração entre empresas, governo e academia.

 O Porto Digital é também um parque tecnológico com uma característica que o diferencia dos demais: é um parque urbano, instalado no Centro Histórico da capital pernambucana. Por isso, nos últimos 15 anos, mais de 50 mil metros quadrados de edificações foram restauradas no local. O processo de expansão continua com a aquisição de prédios históricos – como o edifício-sede do Diário de Pernambuco –, que serão restaurados e reestruturados para a alocação de empresas de tecnologia e a realização de projetos.

 A atuação do Porto Digital está centrada nos eixos de software e serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e economia criativa (EC), com ênfase nos segmentos de games, multimídia, cinevídeo-animação, música, fotografia e design.

 No início, três empresas e 46 pessoas formavam o parque tecnológico. O investimento inicial do Governo do Estado para estabelecer a infraestrutura desse ambiente de negócios foi de R$ 33 milhões. Hoje, o Porto Digital abriga 250 companhias, organizações de fomento e órgãos públicos, empregando cerca de 7.100 trabalhadores. Empreendimentos de vários portes compõem o ambiente do Porto Digital e vão desde startups e micro e pequenas empresas até grandes corporações, como as multinacionais Microsoft, IBM e Accenture.


O valor do bê-á-bá

O Porto Digital acumula conquistas e reconhecimentos. O complexo foi considerado pela Associação Nacional de Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), em 2007 e 2011, o melhor parque tecnológico do Brasil. Em 2005, o ambiente já tinha sido considerado o maior do país pela A.T. Kearney, empresa de consultoria norte-americana.

A Associação Internacional de Parques Tecnológicos (Iasp) publicou, em 2008, o primeiro volume da série Learning by Sharing e apontou como referência o caso do Porto Digital, ao lado de outros três parques tecnológicos do mundo: o de Málaga, na Espanha; o de Manchester, no Reino Unido; e o de Hyderabad, na Índia.

O periódico britânico The Guardian destacou a iniciativa Recife: The Playable City, promovida pelo Porto Digital, como uma das 10 iniciativas que estão mudando a cultura no mundo. Além disso, uma reportagem publicada na revista americana Business Week descreveu o Porto Digital como um dos parques mais inovadores do planeta e um dos 10 locais do mundo onde o futuro está sendo criado.

O reconhecimento da relevância do complexo também é unânime no Brasil. Em matéria publicada em 2014, a revista Exame considerou Recife o novo polo de TIC do país, e o Porto Digital se sobressaiu como o destino da economia criativa  Brasil. O jornal O Globo também deu ênfase ao parque, posicionando-o como o maior entre os cinco principais polos de tecnologia e inovação do país.

No pique do frevo

Leonardo Guimarães, diretor-executivo do Porto Digital, elenca as conquistas de 2015 e as perspectivas do Porto Digital para o próximo ano. “Vamos encerrar o ano com o Armazém da Criatividade, em Caruaru, em pleno funcionamento. Essa é a primeira iniciativa do parque tecnológico no interior de Pernambuco, que vai atuar como unidade avançada de empreendedorismo de base tecnológica num dos principais polos de confecção do país, que é o agreste pernambucano”, afirma o diretor. O Armazém da Criatividade é formado por laboratórios e equipamentos de ponta que servirão de suporte tecnológico para a produção local.

Para 2016, mais planos. Segundo Guimarães, umas das iniciativas é o L.O.U.Co, o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados. “Será um ambiente de experimentação, desenvolvimento, prototipagem e teste de soluções focadas no aumento do bem-estar das cidades, utilizando sensores, robótica, drones, relógios, óculos e tecidos inteligentes”, explica o diretor.

A proposta é que esse projeto seja o primeiro laboratório aberto e gratuito de inovação focado na nova tendência tecnológica: a internet das coisas. “Além disso, o Porto Digital continuará a fomentar os novos empreendimentos e a se firmar, cada vez mais, como uma referência nacional na área da inovação”, prevê Guimarães.

Varre, varre, vassourinhas

Um dos principais projetos do Porto Digital é seu braço de economia criativa, o Portomídia, que conta com instalações e incubadora próprias, além de diversos programas de qualificação, exibição e desenvolvimento nas áreas de design, cinevídeo-animação, games, mídias digitais, fotografia e música.

O Porto Digital mantém ainda projetos de mobilidade urbana, por meio do PortoLeve. A inciativa com foco na sustentabilidade busca prover serviços inovadores e ecologicamente sustentáveis para melhorar a mobilidade, a segurança e a comodidade de trabalhadores, empreendedores, visitantes e turistas. A ideia é melhorar a qualidade de vida dos diversos tipos de públicos que circulam na região.

Entre essas iniciativas do PortoLeve, Leonardo Guimarães destaca duas: o sistema das bicicletas compartilhadas e o projeto-piloto Carro Leve, um sistema de compartilhamento de carros elétricos, inédito no Brasil. Ainda na área de sustentabilidade, o parque tecnológico gerencia o ITgreen, programa do Porto Digital voltado para a promoção das tecnologias da informação para o desenvolvimento socioambiental. Os quatro eixos de atuação do ITGreen são: Resíduos Tecnológicos, Acessibilidade Digital, Formação para Inclusão de Jovens no Mercado de Trabalho e Cidades Sustentáveis.

Nesse ambiente favorável à inovação e troca de experiências, Carlos Sampaio, do CittaMobi, conclui: “Estar hoje neste círculo privilegiado é uma vantagem competitiva significativa. O Porto Digital, além de tudo, tornou-se uma marca de qualidade e referência em tecnologia em todo o Brasil e no exterior. Participar dele ajuda a alavancar os negócios das empresas aqui sediadas”. Vida longa ao frevo e aos empreendedores tecnológicos.

 Porto Digital

  • R$ 1 bilhão de faturamento nos últimos dois anos.
  • Cerca de 250 empresas.
  • Mais de 7 mil colaboradores.

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